"Quem renunciou, renunciou": o golpe de Petro em Gustavo Bolívar

Gustavo Bolívar
Cortesia - Prosperidade Social
Durante o evento "Juntos pela Transformação de Catatumbo, pela Vida, pela Produtividade e pelas Economias Legítimas", realizado em 9 de maio em Tibú, Norte de Santander, o presidente Gustavo Petro foi protagonista de um momento tenso ao expressar publicamente sua discordância com a intervenção de Gustavo Bolívar, diretor do DPS (Departamento Nacional de Polícia), que renunciou em fevereiro.
O evento ocorreu normalmente e contou com a presença de diversas autoridades nacionais e locais, incluindo o prefeito de Tibú, o governador de Norte de Santander e o diretor da Agência Nacional de Terras. O objetivo era destacar os esforços do governo para transformar a região de Catatumbo, que vem sendo assolada por problemas sociais e econômicos de longa data.
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No entanto, as tensões surgiram quando Gustavo Bolívar tomou a palavra para anunciar a concessão de um bônus de pensão a milhares de idosos na região, explicando que isso representa um investimento adicional de US$ 52 bilhões de pesos em um esforço do governo para apoiar essa população vulnerável.
Assim que terminou seu anúncio e antes que o mestre de cerimônias pudesse prosseguir com a pauta, o presidente Petro se levantou de sua cadeira e pegou o microfone, visivelmente incomodado, e atacou uma das pessoas que, desde que chegou à Casa de Nariño, demonstrou ser um funcionário leal.

Presidente Gustavo Petro
Presidência
"Aqui eu rompo, já é tarde, rompo a pauta porque acho que não deveria ser", começou o presidente, e então Petro enfatizou que "quem renunciou, renunciou", em clara referência a Bolívar, que havia apresentado sua renúncia em 10 de fevereiro de 2025, com a intenção de torná-la efetiva em 16 de maio.
O presidente enfatizou que uma pessoa que já renunciou não deve continuar a exercer funções oficiais, acrescentando que "Angie (Lizeth Rodríguez, diretora da Dapre), uma pessoa que renuncia porque tem uma aspiração, já está saindo. Sua substituta está chegando e precisa vir e conversar. Isso é uma questão de respeito ao governo e ao povo", e deixou claro que a prioridade deve ser dada aos novos líderes dos programas implementados na região.
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Vale lembrar que a renúncia de Bolívar, ocorrida em fevereiro, foi motivada por sua intenção de concorrer à presidência nas eleições de 2026. Embora o presidente Petro tenha inicialmente rejeitado a renúncia, solicitando que permanecesse no cargo por mais um período, o próprio Bolívar deixou claro que sua saída é iminente.
Após o incidente, Bolívar não reagiu diretamente durante o evento. No entanto, horas depois, ele usou suas redes sociais para postar uma frase que muitos interpretaram como uma resposta indireta ao ocorrido, já que ele afirmou: "O amor deve ser altruísta, ou não é amor". Essa expressão foi interpretada por alguns como uma reafirmação de seu apoio ao presidente, apesar da discordância pública.

Gustavo Bolívar.
Arquivo EL TIEMPO
Este incidente não passou despercebido e gerou diversas reações no âmbito político, já que alguns setores acreditam que o presidente agiu de forma desproporcional, já que Bolívar não havia deixado oficialmente o cargo e ainda estava servindo no DPS. Outros, no entanto, apoiam a posição de Petro, argumentando que a transição de cargo público deve ser respeitada para evitar confusões.
Assim, embora a saída de Gustavo Bolívar do DPS se torne efetiva em 16 de maio, este episódio deixa em aberto a questão do impacto de sua saída na dinâmica interna do governo Petro, já que a lealdade demonstrada por Bolívar nos últimos anos contrasta com a atitude do presidente neste episódio recente, o que pode gerar tensões não apenas no círculo próximo de Petro, mas também entre o eleitorado progressista que vê Bolívar como uma figura de continuidade.
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